sexta-feira, 27 de junho de 2014

Silla

São histórias belas, no culto de um pacto sangrento, em que do fraquejar dos dedos se faz a morte floral, pétala a pétala, como a soltar o último grito da primavera. No romper de um abraço.
Ao dobrar a esquina, decoro-te a sombra permitida pelos candeeiros na noite. Nem o vinho, nem o pedaço de alma que te parti morrem hoje.
Mal vejo a hora que deixe outra silhueta ocupar aquele canto poeirento do meu armário. Numa lamela para análise, reparo os demónios no detalhe, sinto os perigos na amostra. Revelam-se inconsequentes.
Sei que vou morrer amarelo, sei disso. Ou a zelar por ti do outro lado da estrada.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Morning Bell

a insónia vaporiza oceanos, na ondulação dos corpos agitados. quatro paredes, uma voz, a falar baixinho. de repente, ar frio, como sino matinal. café, cara lavada, olhos em sangue. a última gota de normalidade cai dormente, cérebro dormente, nas fendas da calçada. é o metro, é o dia frio, é mudo, é tudo tão d-e-s-e-s-p-e-r-a-d-a-m-e-n-t-e               opaco.
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Um esforço sobre-humano para a fotossíntese. funções onomatopaicas.


terça-feira, 17 de junho de 2014

rock bottom riser

Eu sei que estamos preocupados,
mas não me fales em revolução.
Não aqui,
nesta nuvem alcoólica,
segunda estrela à direita,
e em frente até de manhã.

Deixa-me estar aqui no escuro
do bar, e ouvir este folk quase deprimente,
depois rir sobre isso.

Dizer merda, só porque sim
e ignorar o telemóvel
e enganar a normalidade
que me obriga a deitar cedo.

Tropeçar no caminho para casa,
obcecado com o passeio,
cândido,
e um ombro quente para dar ao mundo.